“Uma arquitetura para além de seus
muros” aborda riqueza cultural do Cemitério São Francisco de
Paula
Documentário e livro patrocinados pela
Academia Gustavo Borges serão lançados no dia 30/11, às 16h, no Paço da
Liberdade
Um dos espaços mais ricos em cultura,
história e arquitetura da capital paranaense terá seus corredores explorados em
um livro e documentário. “Uma arquitetura para além de seus muros”
aborda a riqueza do cemitério São Francisco de Paula enquanto um bem
patrimonial, presente no imaginário da fé curitibana, ao mesmo tempo em que se
configura como representação de um espaço urbano, seja em sua planta, com
bairros e alamedas, seja em sua arquitetura, com túmulos de tipologias variadas
da história da arquitetura.
Criado por Nira de Oliveira, o
documentário e o livro serão lançados nessa quarta-feira (30/11), às 16h, no
Paço Municipal, com participação da equipe da Academia Gustavo Borges, que
patrocinou o documentário por meio da Lei do Mecenato de Incentivo Fiscal.
Sobre a obra
Os cemitérios traduzem as questões
sociais e se configuram como espaço para análise das relações e afirmação de
poderes hegemônicos. Em sua arquitetura e ritos, representam crenças aos quais
estão submetidos, assim como também questões relativas à organização dos espaços
nas cidades. Mexem com o imaginário da população; são lugares de ritos e
recantos de saudade. É antiga a relação entre cidade, população e cemitérios,
mas nem sempre os mesmos são percebidos como um bem patrimonial. Ainda hoje,
essa é uma iniciativa rara no Brasil, embora uma lenta mudança se configure.
Aos poucos, como museus a céu aberto
que podem vir a se transformar, o interesse histórico, artístico e cultural
despertado pelos cemitérios amplia-se, razão pela qual, nos últimos anos
entraram nos roteiros turísticos de muitas cidades. Entretanto, mais do que o
lugar da busca pelo túmulo célebre, eles se configuram como espaços das
pesquisas históricas, dos estudos arquitetônicos, paisagísticos e da preservação
da memória. São lugares onde se creditam valores religiosos, sociais e
imaginários importantes para as comunidades onde se inserem.
Os cemitérios também são monumentos
arquitetônicos datados, testemunhos de um tempo e de uma crença. E como tal
permitem leituras e interpretações que, muitas vezes, apontam para uma
“micro-cidade” intramuros, com áreas nobres e populares. Ao mesmo tempo, a
arquitetura, com suas transformações ao longo dos anos, também pode ser
percebida. Túmulos neoclássicos, neogóticos, com influências art-nouveau,
art-déco e linhas modernistas apontam para a influência que a arquitetura
das ruas tem para o espaço dos cemitérios.
Inaugurado em 1854, o Cemitério São
Francisco de Paula encerra em seu espaço toda uma diversidade arquitetônica que
corrobora a afirmação acima. Linhas clássicas, ecléticas, túmulos paranistas,
capelas modernas e em art-déco, entre outras influências (inclusive egípcia),
encontram-se dispersos em “bairros” que, de certa forma, representam espaços do
urbano, uma vez que os cemitérios reproduzem, cada vez mais, a sociedade dos
vivos.
Existe a área de ocupação mais antiga,
composta por túmulos predominantemente verticais; outra região formada por
alamedas, algumas arborizadas, das capelas familiares do início do século 20,
assim como há todo um conjunto de ocupação mais recente na subida do cruzeiro,
com adoção de opções estilísticas mais simples e utilização de materiais menos
nobres, mas que traduzem uma tendência nos dias de hoje.
Serviço: Lançamento do
livro e documentário “Uma arquitetura para além de seus
muros”
Quarta-feira
(30/11), às 16h
Local: Paço
da Liberdade
Endereço:
Praça Generoso Marques, 189 - Centro, Curitiba - PR
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